terça-feira, 10 de maio de 2011

Povinho inconsciente

No seio da União Europeia têm-se ouvido várias vozes contra o Sr. Sócrates e o governo socialista, vozes que, como é sobejamente conhecido, chegaram a pôr em causa o empréstimo europeu ao nosso pequeno burgo.

As autoridades britânicas – e convém lembrar que a libra é uma moeda fortíssima que não faz parte do euro – deverão ser, ao que tudo indica, um parceiro a contra gosto no meio desta infeliz história, já que não estão na disposição de emprestar dinheiro bilateralmente ainda que, enquanto membro da UE, sejam obrigados a contribuir com uns cobres.

A Finlândia é outro país que já se mostrou nada satisfeito com esta treta de ter que andar a emprestar dinheiro a um país desgovernado como Portugal.

Um colunista alemão do Finantial Times chega mesmo a dizer que o Sr. Sócrates só se preocupa com o seu quintalzinho – palavra interessante para percebermos, convenientemente, o que o estrangeiro pensa do nosso país – e que não se pode gerir uma união económica com pessoas como o líder socialista à frente dos destinos dum qualquer país.

Ainda assim, o povinho bronco continua a achar que pode confiar os destinos do país ao Sr. Sócrates e não há maneira de vermos os números das sondagens a baixar para os lados socialistas.

Internamente, a democracia conquistada na abrilada dá à populaça a liberdade de se manifestar ruidosamente nas acções de rua e, como tanto se tem ouvido nestes últimos tempos, de chamar, com todas as letras, ladrão, incompetente e mentiroso, entre outros vocábulos afins, ao Sr. Sócrates.

Internamente, as vozes discordantes aparecem vindas da esquerda, da direita, das extremas de ambos os lados, do centro, de inúmeros sectores da sociedade, muitos deles sem qualquer tipo de conotação política, e do interior do próprio Partido Socialista.

Ainda assim, o povinho bronco continua a fazer ouvidos moucos e a achar que pode confiar os destinos do país ao Sr. Sócrates…

Conscientes de que as grandes decisões relativas ao pequeno burgo são tomadas além fronteiras e que os próprios governantes nacionais andam ao sabor do que lhes é imposto por terceiros com substancialmente mais poder, talvez a solução passe por fazer o sacrifício de vender o burgo mais um bocadinho e aceitar um governante designado por uma nova troika, desta vez mais política do que financeira, durante o tempo necessário para recuperar a nossa economia.

Depois, ou nos revoltamos e devolvemos a soberania ao país, deixando a UE mais aliviada, ou, em alternativa, aceitamos dar a nacionalidade a mais uma figura imigrante, cujos feitos, por essa altura, já deverão ser suficientes para ter conquistado a simpatia da populaça.

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