sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Medidas de Passos Coelho contra a crise

Antes de mais nada e para que não me esqueça… O texto que segue está, segura e orgulhosamente, cheio de erros porque não foi sujeito à imbecilidade do novo acordo ortográfico.

Sobre o estado cá do burgo, algumas notas soltas que, devidamente entrelaçadas, levam à bosta em que nos vemos, actualmente, envolvidos…

Na proposta de orçamento, ontem anunciada pelo primeiro-ministro, existem produtos, actualmente tributados a 13 por cento, que vão passar para seis por cento. Quer isto dizer que nem tudo são más notícias para a populaça.

Encontram-se, neste grupo, os óleos alimentares e as margarinas de origem animal e vegetal, ou seja, aqueles produtos que, hoje em dia e à custa de tanta publicidade sobre os fritos, o colesterol e a gordura a mais, a populaça mais evita consumir.

Ou seja, estamos perante uma excelente medida que leva felicidade a muitos lares portugueses…

Contudo, o primeiro-ministro não referiu que, segundo a proposta preliminar do orçamento, também há produtos, actualmente englobados na taxa reduzida do IVA, que vão passar taxados pelo coeficiente máximo.

Entre esses produtos estão bens que qualquer pai ou mãe consideram indispensáveis para o crescimento das crias dos agregados familiares, como leites achocolatados, aromatizados, vitaminados ou enriquecidos, as bebidas e sobremesas lácteas ou a batata e inúmeros derivados da mesma, como o puré.

Os refrigerantes, sumos e néctares de frutos ou de produtos hortícolas, incluindo os xaropes de sumos, as bebidas concentradas de sumos e os produtos concentrados de sumos, onde se incluem uma série de bebidas – que não a coca-cola – tão do agrado dos mais pequenos, também deverão passar de uma taxa de seis por cento para 23 por cento.

Ou seja, o governo deve querer criar mais postos de trabalho para nutricionistas e dietistas, obrigando a populaça a dar merdas baratuchas importadas da China ao agregado familiar mais jovem.

Diz Passos Coelho que o esforço adicional é pedido a todos os cidadãos e que, por isso, os pacóvios que trabalham no estado vão levar com a eliminação – ou redução se o vencimento for inferior a 1.000 euros – dos subsídios de férias e Natal, enquanto que os senhores do sector privado levam com o sacrifício de ter que trabalhar mais meia hora por dia.

Chamo a atenção que isto é o que se lê e o que se ouve desde o discurso do primeiro-ministro e que pode, muito bem, ser alvo de novas leituras e interpretações, mas se for realmente o caso, desculpem lá qualquer coisinha e o meu feitio soviético mas não há ética nacional.

Ou comemos todos da mesma malga ou há, realmente, qualquer coisa de muito podre neste reinado…

Depois vem a história dos feriados…

Um gajo leva com a bordoada da redução do salário, eliminação dos subsídios, aumento dos impostos e do custo de vida e, para ajudar à festa, ainda lhe retiram a possibilidade de desfrutar mais 24 ou 48 horas de calma e relax, sem pensar nas merdas do dia-a-dia e só preocupado com a temperatura fresquinha das Mines.

Outras limitações, como as deduções fiscais do IRS, e outras aberrações que nos serão impostas ficam para outra oportunidade porque este texto já vai algo longo.

O actual primeiro-ministro diz que nunca nos devíamos ter permitido chegar a este ponto. Errado! Muito errado!

Nunca devíamos, sequer, ter chegado nem a um décimo deste ponto, isso sim, mas com a política e as politiquices deste país, desde há muitos anos a esta parte, não houve autoridade nem coragem para pôr um travão nas derrapagens provocadas por tantas más gestões passadas.

Há já quem defenda que os portugueses devem dizer basta recorrendo á desobediência civil e que as novas medidas de austeridade devem levar à criação de uma nova constituição…

Os endemoninhados de defendem esta tese deviam, isso sim, olhar para o exemplo da Grécia e ajudar o povinho tuga a perceber a dimensão da tragédia que se avizinha se a populaça continuar com umas palas em ambos os lados dos olhos que não lhes permitem ver um pouco mais além…

No que me diz respeito, não se trata de defender as medidas que nos são impostas ou, inclusive, de aceitá-las de bom grado. Nada disso e a minha revolta é grande e estou profundamente fecundado e preocupado com o futuro que aí vem.

No entanto, e já que não temos outra saída, convém lembrar – e os tais demoníacos de que falava há pouco são carolas que podem influenciar e moldar a mente do tugasinho – que quem nos está a emprestar dinheiro já aprendeu com os erros da situação grega e que, no que toca a Portugal, as hipóteses de termos tantas oportunidades como as que foram dadas à Grécia são muito reduzidas.

Quero com isto dizer que, quem acha que as greves, a desobediência civil e os potenciais tumultos vão ajudar a resolver a grave situação em que vivemos está profundamente enganado, como podem bem atestar os gregos que, depois de não sei quantas greves gerais, só viram a sua situação piorar ainda mais com o país à beira duma real bancarrota.

Agora, vou ali à sopinha por um euro, que faz bem à barriga e à carteira, enquanto medito sobre a melhor maneira de pagar aquelas contas – tipo seguro automóvel e afins – para as quais sempre contei com os desaparecidos subsídios…