sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Prevenção Rodoviária e Telemóveis

"Uma das questões mais significativas em estudo é a possibilidade de proibir os condutores de falarem ao telemóvel, mesmo usando um auricular.
José Trigoso, da Prevenção Rodoviária Portuguesa, defende que os estudos realizados não indicam que a utilização de kits mãos livres para falar ao telemóvel enquanto se conduz torne a operação mais segura..."

A meu ver, isto é uma perfeita idiotice!

1º Um auricular não é a mesma coisa que um kit de mãos livres. O fio que liga ao telefone pode ficar preso e distrair o condutor; o volume de som dum auricular não tem nada a ver com o kit mãos livres, obrigando a uma maior concentração: Enfim… Podem haver várias situações em que o uso do auricular, apesar de mais seguro do que segurar o telemóvel encostado ao ouvido, “inutilizando”, assim, uma das mãos, continua a ser menos seguro do que o kit mãos livres.

2º Por alguma razão as marcas de topo, normal e justamente consideradas das mais seguras, propõem, frequentemente como equipamento de série, o kit de mãos livres nas suas viaturas.

3º Tendo esta proposta idiota em consideração, talvez queiram, também, considerar a possibilidade do condutor ter que se deslocar sozinho na sua viatura, uma vez que falar parece ser razão primordial para a falta de atenção de quem vai ao volante e, se o banco do passageiro for ocupado, a condição humana leva a que duas pessoas comuniquem verbalmente.

A este propósito, que dizer se o pendura for uma miúda, senhora ou gaja toda boa, com umas pernas a pedirem uns mimos? Lá vai a mão direita sair do volante e lá se vai, definitivamente, a concentração do condutor…

Será que o senhor Trigoso anda de carro? Será que tem filhos, sentados no banco de trás, aos gritos enquanto brincam e dão cabo da cabeça a quem conduz?

Será que o cantante a debitar decibéis audíveis a centenas de metros de distância e que fazem o condutor ir a cantar, tipo anúncio do Renault Clio, não retiram, igualmente, concentração ao condutor?

A questão da sinistralidade rodoviária em Portugal passa, não pela perda de concentração por causa dos telemóveis, mas pela falta de civismo generalizada do comum condutor nacional, aliada a estradas mal concebidas e repletas de armadilhas, aliadas, ainda, a uma péssima preparação dos condutores.

Passa pela cabeça de alguém ter aulas de condução num BMW, num Seat Leon ou num Smart com caixa sequencial?

É normal ver um instrutor, com idade mais do suficiente para estar reformado, a fazer um esforço descomunal para não adormecer enquanto o aspirante a condutor vai tentando arrancar, com o carro aos soluços, entre o trânsito?

Lembrem-se, os senhores legisladores, que noutros países europeus também existem restrições e regras muito claras para quem circula na estrada, o que não impede, por exemplo, a existência de auto-estradas sem limite de velocidade máxima, onde o infractor é o palhaço – que pode, aliás, ser alvo de denuncia por parte de outros condutores – que circula na faixa de ultrapassagem ou na faixa do meio a velocidades estonteantemente lentas, pondo, assim, em perigo a demais circulação.

Deixem-se de balelas, estudem a legislação rodoviária de países civilizados e apliquem o que for legitimamente adequado às nossas estradas!

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