quinta-feira, 31 de março de 2011

Greves

Se me perguntarem se gosto de trabalhar, responderei que não e que, indubitavelmente, preferia ter uma vidinha sossegada que me permitisse levar, sem stress, as crias ao colégio, ginasticar durante umas horas diárias, tratar de assuntos pessoais com a devida calma e, em dias como o de hoje, aproveitar uma tarde de praia.

Infelizmente, os euros não abundam e não tenho outro remédio senão levantar-me, todos os dias, de madrugada e levar uma vida agitada que me permita ver algum dinheiro ao fim do mês.

Em caso de falta, seja ela injustificada ou justificada sem direito a remuneração, o patronato não paga e, chegado o dia do ordenado, a surpresa é bem desagradável.

Se calhar estou errado mas quer-me parecer que os senhores da CP também não recebem pelos dias em que decidem, através dos diversos sindicatos que lhes justificam as faltas, fazer as malditas paralisações e, se for este o caso, o rombo nos ordenados – que, dizem eles, são miseráveis – deve ser uma coisa de bradar aos céus.

Pergunto-me, por conseguinte, como é que esta gentalha sobrevive ao fim do mês e se não pensam cinquenta vezes nas consequências financeiras antes de embarcarem nestas formas de luta.

Estando o país à beira da bancarrota, pergunto-me, também, se estes anormais não percebem que, apesar que terem o direito à greve e de, até o posso admitir, terem alguma que outra razão nas reivindicações que fazem, o facto de paralisarem uma empresa de transportes tem custos avultados para o burgo e para o comum cidadão que, ao contrário deles, precisa de trabalhar para sustentar uma família, não sendo esta a melhor forma de ajudar à recuperação individual de cada cidadão.

Na parte que me toca, gasto uma exorbitância monetária para adquirir dois passes que nos permitam deslocar entre casa e os locais de trabalho.

Acontece que, nos últimos meses, não há uma porra dum comboio que apareça a horas, à conta dos atrasos a populaça viaja mais apertada que sardinhas em lata e, se queremos o ordenado por inteiro, temos que levar o carro para Lisboa nos dias de greve e suportar mais uma despesa que não estava nos planos familiares.

Os cidadãos cá do burgo estão fartos do Sr. Sócrates mas também estão fartos desta bosta das greves e das dificuldades por elas provocadas, e se os anormais acham que é assim que ganham razão e que conseguem o apoio da populaça, estão plenamente enganados!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Adeus, Sr. Sócrates

Finalmente!

A populaça suspirou de alívio quando ouviu o Sr. Sócrates confirmar o que já se esperava, que tinha pedido a demissão ao PR.

O país vê-se livre dum primeiro ministro e dum governo que pautou pela negativa, ao falhar, notoriamente, os objectivos que diziam ter traçado e ao conseguir, de igual modo, levar o país a uma situação de ruptura financeira já esperada – mas não desejada – pela maioria da populaça.

Sem ilusões, esperamos o senhor que se segue, com a certeza de que a bosta em que estamos metidos vai continuar e a situação gravosa em que vivemos vai manter-se ou, até mesmo, piorar.

A diferença imediata, especialmente aos olhos dos senhores de Bruxelas, é que o Sr. Sócrates e seus mancebos estavam, há muito, queimados à custa dos sucessivos PECs sem resultados e agora aparece em cena o senhor que se segue, tipo carne fresca para canhão, a quem a populaça e os líderes europeus terão que dar o benefício da dúvida acerca das suas capacidades.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A República explicada às crianças

Monarquia é uma forma de regime em que o chefe de Estado é um rei ou uma rainha.

Ao contrário do regime republicano, o rei não é eleito, e a representação do país está numa pessoa cujos antepassados participaram na construção e na História do país.

Por isso não são estranhos ao povo e, como os príncipes criados para reinar não precisam de ter uma carreira política, conhecemo-los desde a infância até à idade adulta, quando assumem o cargo de Chefe de Estado.
Já viste o que seria se tivesses de escolher os teus pais, ou os teus pais dissessem: eu tenho o direito a escolher o filho que quero? Passa-se o mesmo na República.

O nosso Chefe de Estado, em vez de ser alguém que conhecemos e gostamos desde pequenino, é apenas um político que quer um emprego e representa o país durante 5 ou 10 anos e depois vai-se embora...

A nossa monarquia durou, como sabes, 771 anos, pois em 1910 um golpe de estado expulsou o rei D. Manuel II, a sua mãe e a sua avó para fora do país.
Isso foi bom ou foi mau? Deve caber a ti estudares para compreenderes as alterações dessa época, mas gostava de te explicar que a República instaurada em 5 de Outubro de 1910 não veio trazer a democracia a Portugal.

Nessa altura o nosso país já tinha liberdade. As pessoas podiam votar e a Imprensa publicava todas as críticas que queria.

Ao contrário do que a propaganda republicana tem dito, a democracia foi introduzida em Portugal em1834, suspensa algumas vezes até 1926  e neste ano definitivamente silenciada, dando origem a uma das mais longas ditaduras de sempre, em todo o mundo! Foi o Estado Novo ou Segunda República, que durou de 1933 até 1974!
Neste ano a Democracia voltou a Portugal, pela Revolução de 25 de Abril, como decerto já ouviste falar.

Em 771 anos tivemos 33 monarcas, o que perfaz uma média de cerca de 22 anos por reinado.
Compreendes a importância desta estabilidade? Em 100 anos de República, de 1910 a 2010 tivemos 19 presidentes, o que se traduz numa média de 5 anos por mandato, alguns deles conflituosos, pois o presidente procura fazer os possíveis para agradar aos eleitores e ao partido ou partidos que o apoiam.

Não está ali simplesmente para representar o país, mas para se representar a si mesmo e a quem vota nele...

Também tivemos algumas rainhas e regentes, mais ainda não tivemos nenhuma mulher presidente da República!



Mas, então, perguntarás, se a monarquia tinha vantagens, porque terminou? Bem, como tens visto na televisão, em relação às revoluções no estrangeiro, nem sempre estas revoluções são populares.
Muitas vezes, um grupo pequeno, bem relacionado e que recorra à violência pode derrubar regimes.

Foi o que aconteceu em Portugal. Os republicanos estavam em menor número, mas:
  
- aproveitaram-se do desgaste partidário, ocasionado pela alternância constante entre 2 partidos no poder;
- aproveitaram-se das ideias nacionalistas de pátria e de herói para fazer passar a sua mensagem;
- fizeram ataques ferozes ao Rei D. Carlos e à sua família, espalhando boatos e criando uma imagem negativa da monarquia que diziam despesista e ostensiva;
- recorreram à violência através de uma organização terrorista, chamada Carbonária, que assassinou o Rei e o seu filho, de 21 anos, D. Luís Filipe, em 1908 (foi o Regicídio) e através de uma organização secreta que ainda hoje existe, a Maçonaria, conseguiram controlar o exército e alguns políticos;
- e, finalmente, como o país, infelizmente, ainda era constituído essencialmente por pessoas iletradas, culturalmente pouco informadas, facilmente o Partido Republicano pode controlar os cidadãos, com mensagens demagógicas e inflamadas. (É por isso que deves estudar e questionar tudo para seres um adulto com consciência cívica!)


Depois de instaurada a República, sucederam-se imensos atropelos à liberdade que o novo regime tinha prometido.
Pessoas foram perseguidas por serem católicas, monárquicas ou simplesmente por não colaborarem com o novo regime. E os próprios republicanos lutaram entre si para conquistar e aguentar o poder.
Em 1914 a república levou milhares de jovens a entrar na I Grande Guerra. Muitos morreram e o país desmoralizava perante uma crise económica, social e política.

Todos os dias havia atentados em Lisboa, o governo caía e os presidentes demitiam-se ou eram demitidos por golpes de estado.

Entre 1911 e 1926 houve quase 50 governos!

Porém, a Monarquia sempre foi uma alternativa democrática em Portugal, tanto durante a Primeira República, como durante o Estado Novo e mesmo hoje.

A Europa, como deves saber, é praticamente constituída por Monarquias Constitucionais, como Portugal o era antes de 1910. 
Monarquias Constitucionais e/ou Parlamentares são aquelas em que o Rei não governa (para isso existe o Primeiro-Ministro e o seu Conselho de Ministros que nós elegemos), cabendo-lhe apenas a representação e a regulação das instituições do seu país.

Por isso países desenvolvidos como a Noruega, Suécia, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e, aqui ao lado, Espanha são monarquias.

E fora da Europa encontramos muitas mais: Japão, Marrocos, Jordânia, etc.

O Reino Unido, por exemplo, e a Comonwealth, que estende pelo Canadá e pela Austrália, entre outros países, cuja chefe de Estado é a rainha Isabel II.
Não há regimes perfeitos. Nem pessoas. Acima de tudo deves procurar saber o que melhor serve a tua nação e pensar por ti.

Não grites “Viva a República!” sem perguntares a quem to manda fazer, se existe uma alternativa e se essa alternativa é melhor ou pior.

Acima de tudo sê um cidadão informado pois só assim podes construir um país melhor e contribuir para um futuro mais sorridente a quem viver em Portugal nos próximos anos.

E que estes anos sejam mais pacíficos e prósperos do que foram os últimos 100!

Nuno Resende no Obliviário

Considerações de Medina Carreira



Há quem goste de ouvir Medina Carreira e suas considerações sobre a sociedade em que vivemos e há quem não goste do que o homem diz, mas a verdade é que muito do que o comentador diz é a verdade nua e crua sobre a miséria em que estamos mergulhados.





- O desemprego não é um problema, é uma consequência de alguma coisa que não está bem na economia.

- Já estou enjoado de medidinhas. Já nem sei o que é que isso custa, nem sequer sei se estão a ser aplicadas.

- Este que está lá agora, o José Sócrates, é um homem de espectáculo, é um homem de circo. Desde a primeira hora.
É gente de circo. E prezam o espectáculo porque querem enganar a sociedade.

- Vocês, comunicação social, o que dão é esta conversa de «inflação menos 1 ponto», o «crescimento 0,1 em vez de 0,6».
Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, que é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias, mas é sem açúcar.

- Eu não sou candidato a nada, e por conseguinte não quero ser popular.
Eu não quero é enganar os portugueses. Nem digo mal por prazer, nem quero ser «popularuxo» porque não dependo do aparelho político!"

- A minha opinião desde há muito tempo é: TGV- Não!
Para um país com este tamanho é uma tontice. O aeroporto depende. Eu acho que é de pensar duas vezes esse problema, ainda mais agora com o problema do petróleo.

- Nós em Portugal sabemos resolver o problema dos outros: A guerra do Iraque, do Afeganistão, se o Presidente havia de ter sido o Bush… Mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal nenhum sabe. Somos um país de papagaios...

- Receber os prisioneiros de Guantanamo?
Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara! Saibamos olhar para os nossos problemas e resolvê-los e deixemos lá os outros... Isso é um sintoma de inferioridade que a gente tem, estar sempre a olhar para os outros. Olhemos para nós!

- A crise internacional é realmente um problema grave, para 1-2 anos.
Quando passar lá fora, a crise passará cá. Mas quando essa crise passar cá, nós ficamos outra vez com os nossos problemas, com a nossa crise. Portanto é importante não embebedar o pessoal com a ideia de que isto é a maldita crise. Não é!

- Ainda há dias eu estava num supermercado, numa fila para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas, e em vez de multiplicar «6x3=18», contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...
Isto não é ensino! Isto é falta de ensino, é uma treta! É o futuro que está em causa!

- Isto da avaliação dos professores não é começar por lado nenhum.
Eu já disse à Ministra uma vez «A senhora tem uma agenda errada», porque sem pôr disciplina na escola, não lhe interessa os professores.
Quer grandes professores? Eu também, agora, para quê?
Chegam lá os meninos fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira e não acontece coisa nenhuma.
Vale a pena ter lá o grande professor? Ele não está para aturar aquilo...

- Os números são fatais e dos números ninguém se livra, mesmo que não goste. Uma economia que em cada 3 anos, dos últimos 27, cresceu 1% não resiste num país europeu.

- Se nós já estamos ultra-endividados, faz algum sentido ir gastar este dinheiro todo em coisas que não são estritamente indispensáveis? Só para que se possa ir para o Porto ou para Badajoz mais depressa 20 minutos?

- A aviação está a sofrer uma reconversão mas nós vamos agora fazer um aeroporto… Não seria melhor aproveitar a Portela?
Quer dizer, isto está tudo louco?

- Nós tivemos nos últimos 10-12 anos 4 Primeiros-Ministros:
Um desapareceu; O outro arranjou um melhor emprego em Bruxelas e foi-se embora; O outro foi mandado embora pelo Presidente da República; E este coitado anda a ver se consegue chegar ao fim"

- O João Cravinho tentou resolver o problema da corrupção em Portugal.
Tentou e foi "exilado" para Londres. O Carrilho também falava um bocado, foi para Paris. O Alegre depois não sei para onde ele irá...
Em Portugal quem fala contra a corrupção ou é mandado para um "exílio dourado", ou então é entupido e cercado.

- Mas você acredita nesse «considerado bem»? Então, o meu amigo encomenda aí uma ponte que é orçamentada para 100 e depois custa 400?
Não há uma obra que não custe 3 ou 4 vezes mais? Não acha que isto é um saque dos dinheiros públicos? E não vejo intervenção da polícia...
Há-de acreditar que há muita gente que fica com a grande parte da diferença!

- A educação em Portugal é um crime de «lesa-juventude»: Com a fantasia do ensino dito «inclusivo», têm lá uma data de gente que não quer estudar, que não faz nada, não fará nada, nem deixa ninguém estudar.
Para que é que serve estar lá gente que não quer estudar? Claro que o pessoal que não quer estudar está lá a atrapalhar a vida aqueles que querem estudar. Mas é inclusiva...
O que é inclusiva? É para formar tontos? Analfabetos?
Os exames são uma vergonha.
Você acredita que num ano a média de Matemática é 10 e no outro ano é 14? Acha que o pessoal melhorou desta maneira? Por conseguinte a única coisa que posso dizer é que é mentira, é um roubo ao ensino e aos professores! Está-se a levar a juventude para um beco sem saída. Esta juventude vai ser completamente desgraçada!

- Ouça, eu não ligo importância a esses documentos aprovados na Assembleia...
Não me fale da Assembleia, isso é uma provocação... Poupe-me a esse espectáculo....

- Há dias circulava na Internet uma notícia sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12º ano e agora vai seguir Medicina...
Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram «meta-se nas novas oportunidades» e agora entra em Medicina...
Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente, mas quem vai apanhar esse atleta olímpico com este tipo de preparação...
Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice...

- É o sistema, é a (des)educação que a gente tem para a vida política...
Um político é um político e um empresário é um empresário. Não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro... é tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade.
Este país não vai de habilidades nem de espectáculos.
Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros. São propagandistas! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país!

- Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista»...
Se vem aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito...
Vocês têm que arranjar um programa onde as pessoas venham à vontade, sem estarem a ser pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir. O Português está farto de ser enganado!