terça-feira, 19 de abril de 2011

O burgo vs os outros

O mundo está a passar por uma crise como nunca se viu e a União Europeia, conjunto de países ao qual Portugal pertence, está a sofrer, talvez mais do que outras zonas industrializadas do globo, os efeitos da dita cuja.

Como seria de esperar desde a adesão à moeda única, esta coisa de querer misturar economias como a alemã e a portuguesa na mesma panela tem os seus pontos negativos e os carolas da altura deviam ter pensado 50 vezes antes de se atirarem para uma realidade que, já na altura, não era a nossa, em vez de pensarem nos mundos e fundos que lhes foram prometidos e que, agora, estão a ser cobrados.

A ser cobrados, sim, porque desde a sua adesão ao euro o pequeno burgo já recebeu uma batelada de dinheiro, dividido por diversas ocasiões e muito dele a fundo perdido, para tornar o país mais competitivo e com uma economia mais forte e que se aproximasse mais da média europeia.

Agora, Portugal está a pagar a factura da infantilidade que foi a adesão repentina à moeda única e, na hora da dificuldade, os mais abonados questionam sobre os tais fundos de que Portugal beneficiou.

Fazem-no, digo eu, com razão e legitimidade, uma vez que já emprestaram para que o pequeno burgo pudesse sair de outras crises e, ao verem que, volta e meia, Portugal fica mergulhado numa profunda crise, com ou sem ajuda da conjectura internacional, percebem que foi dinheiro mal empregue.

Razão tinham, por exemplo, os britânicos quando, na altura, decidiram aderir à CEE sem nunca aderir ao Euro e sujeitar a força da Libra a uma mistura sem futuro com moedas como a Lira ou o Escudo.

Hoje, ainda que, inegavelmente, também estejam a sofrer os efeitos da crise, os ingleses continuam a ter condições sociais e salários acima da média europeia.

Razão têm os Finlandeses quando questionam o processo de resgate de Portugal, percebendo que estão a libertar dinheiro dos seus próprios recursos para “investir” numa economia fraca e destinada a ser sempre uma economia de terceira ou quarta categoria.

Mais razão têm os cidadãos deste país nórdico se nos lembrarmos que a Finlândia nem sempre foi o país próspero que conhecemos dos nossos dias e que, até aos finais da década de 40, era um país essencialmente agrário e atrasado no seu processo de industrialização, tendo, posteriormente e em poucos anos, conseguido tornar-se num dos países mais prósperos e estáveis do globo.

Conscientes de que outrora fomos grandes conquistadores e que, actualmente, não passamos de um simples protectorado, sem eira nem beira, da União Europeia, resta-nos, aos cidadãos comuns, viver um dia de cada vez e, sem grandes pretensões, tentar encontrar soluções quotidianas que nos permitam deixar algo melhor do que temos às gerações vindouras.